Gosto de começar o meu dia

Sentada numa esplanada

A ler enquanto tomo café

Ou a escrever para subjugar

O desacato que me domina

Gosto também, simplesmente

De observar os que passam

Escutar os ralhetes das mães

E as promessas apaixonadas

Mas escuto também o vento

Suspirando por amores idos

E os pardais cantando o seu fado

E vejo as folhas que rodopiam no chão

E absorvo a brisa que me envolve

Apropriando-me, construindo-me

Agosto de 2017

Inspiradas nos pressupostos do método Heal your life, de Louise L. Hay:

“Para que a sua vida no exterior possa mudar, terá de mudar primeiro por dentro.”

1.ª: Cultivar a aceitação e a tolerância, abandonando o criticismo (de qualquer tipo). A crítica constante impacta negativamente no nosso estado geral, debilitando-nos física e psicologicamente.

2.ª: Desenvolver a compreensão, deixando ir o ressentimento. Tudo o que nos acontece contribui para construir a pessoa que somos. Aceitar incondicionalmente o passado e não alimentar a mágoa nem o arrependimento potenciam um estado de bem-estar.

3ª: Perdoar, a nós próprios e àqueles que poderão ter-nos causado sofrimento. A culpa transforma-se num fardo, cujo peso cresce à medida que o tempo passa. O perdão é o derradeiro ato de amor e liberta-nos do jugo da vitimização que nos impede de desfrutar plenamente da vida.

4.ª: Confiar em nós e na sincronicidade do universo, sem temer o futuro, para que possamos apreciar verdadeiramente a dádiva do presente. O medo deve ser transformado na força impulsionadora da coragem. Não podemos deixar que nos impeça de decidir e de arriscar dar o passo seguinte.

5.ª: Fortalecer a paciência e a compaixão, eliminando a raiva que cresce sustentada por todas as outras emoções negativas e que nos transfigura quando a deixamos apoderar-se de nós. Para atingir um estado de felicidade é preciso suprimir quaisquer sentimentos de intolerância, desprezo, irritação, fúria, ira, cólera, indignação, etc…

Segundo, Louise L. Hay, estes 5 sentimentos (crítica, ressentimento, culpa, medo e raiva) são altamente tóxicos do ponto de vista emocional. Uma vez que as emoções se refletem na nossa saúde, só poderemos almejar uma condição física saudável se nos livrarmos deles.

Com treino e persistência é possível erradicá-los (quase) completamente das nossas reações e dos nossos pensamentos. Afinal, se não temos grande poder sobre o que nos acontece, temos total poder sobre a forma como reagimos ao que nos acontece.

Hoje escrevo ao sol

Às flores e aos pássaros

Hoje não lamento

Agradeço

O azul do céu

O calor do dia

A tua presença

Elogio

A fé que nos guia

E a esperança

O teu bem-querer

Completo e intenso

Aceito

As falhas

Minhas e tuas

E as dos outros

Os erros

Do passado e do presente

Que nos constroem

Aprecio

Os pequenos bons momentos

A normalidade sem sobressaltos

Ter o suficiente

Hoje não recordo

Celebro o dia

E rezo

Por mim e por ti

Por todos os que me querem

E pelos que não me querem

Acreditando

Que o amanhã virá

Oferecendo-nos

Novamente

A vida

Março de 2017

The gift of the present

A rare and precious treasure

Often forgotten

Seldom appreciated

Hidden behind the memories

Of a missed or regretted past

Lost among desires, dreams

And unaccomplished wishes

Of a future yet to come

A wasted present

Bewildered between

The torment of sorrow

And continuous desire

A gift in oblivion

Fevereiro de 2017

Parada, num movimentado cruzamento da capital, apercebo-me de como as pessoas estão tão fora de si, inconscientes das suas ações.

Os peões não respeitam as vias das bicicletas. Os ciclistas andam aos ziguezagues, quase se atropelam uns aos outros. Os automobilistas buzinam desesperadamente porque o primeiro da fila não avança quando o semáforo fica verde. Um carro que para por qualquer coisa e quase é abalroado pelo de trás que vinha demasiado depressa. Uma mãe que “arrasta” duas crianças de tenra idade, a correr, para o autocarro.

E a quantidade de gente, automobilistas, peões e ciclistas, que avança depois de o sinal estar vermelho há uma boa mão cheia de segundos…

Começando assim o dia, acelerados e inquietos, é enorme a probabilidade de que algo corra (muito) mal…

Um fenómeno que acompanha a humanidade, provavelmente, desde o seu berço.

Um veículo de expressão de sentimentos. Sinónimo de poesia e amor, mas também manifestação de dor e revolta.

Instrumento de sedução e de luta, a música exprime todas as emoções humanas. Ouvimo-la nos momentos mais alegres e nos mais tristes, nas ocasiões mais importantes e nas mais triviais.

Mesmo quando não percebemos a letra, a melodia é capaz de nos transportar para outra realidade emotiva. E quando damos atenção à letra de uma canção de que gostamos, é bem possível que sintamos que foi escrita precisamente para nós…

Há uma química entre a música e os seus ouvintes, por isso (quase) toda a gente acaba por se apaixonar por uma delas, “aquela” de que nos lembramos sempre que nos perguntam qual é a nossa música favorita e que gostamos de ouvir de olhos fechados, deixando-a entrar em todos os nossos poros e percorrer todo o nosso corpo até que não exista mais nada para além dela.

É assim a música, uma necessidade arrebatadora, um organismo vivo de emoção, uma panóplia de ritmos para todos os gostos e uma realidade em constante mutação, tal como a própria humanidade.

Não podemos viver sem ela…

Sei lá… tenho esta mania de brincar com as palavras.

De tentar dar corpo ao que não tem forma.

Ao sentimento, meu e alheio.

Àquilo que me vai na alma e não me larga

Se não transformar em escrita.

Uma escultura interminável

Que se vai completando e me completa.

Novembro de 2014