Haverá mais dignidade na morte do que na vida?
Há uns anos atrás assisti à 8.ª edição do Colóquio dos Jovens Filósofos, no Barreiro.
Na altura, a eutanásia era muito debatida e foi abordada por um grupo de alunos sob o tema
Haverá mais dignidade na morte do que na vida?
Foi um assunto polémico, gerando grande debate na audiência repleta de jovens adolescentes do ensino secundário. Recordo-me de ter respondido “sim” àquela pergunta por estar convicta de que estar vivo não significa viver, muito menos viver minimamente bem. Não gostei de me imaginar sem qualquer controlo sobre o meu corpo, vendo a minha pessoa limitada ao desempenho das funções fisiológicas básicas.
Infelizmente, cinco anos volvidos após esse “sim”, volto a deparar -me com esta questão da “dignidade da vida”, mas agora “ao vivo e a cores”.
Uma pessoa que amo muitíssimo vive sem viver. Sobrevive em estado vegetativo sem qualquer capacidade de comunicação ou interação com o mundo… A pouca expressão que conseguimos perceber nos seus olhos transmite desespero e sofrimento.
Se aquela pessoa pudesse ter tido opção de decisão sobre o seu futuro, o que acharia mais digno, viver assim ou morrer?
Eu, quando vejo o seu enorme mal-estar e nada posso fazer para o aliviar, o que desejo no meio de um gigantesco sentimento de frustração e impotência?
Não sei…
Só sei que não há qualquer dignidade em viver assim.