Ontem, sábado de manhã, saí para ir ao supermercado, com a intenção de parar numa cafetaria simpática lá perto, para beber o meu café e ler.
A meio do caminho vi a porta de um restaurante toda partida, aparentemente com uma pedrada. O vidro manteve-se na porta, mas em estado muito precário.
Quando cheguei à tal cafetaria, não tinha aberto porque também tinha a porta partida. Neste caso, o vidro ficou com um imenso buraco no meio, onde passaria bem uma pessoa. O proprietário e os empregados aguardavam, cá fora, que chegasse a empresa para substituir o vidro. Não sei se roubaram alguma coisa, mas fiquei chocada com os dois atos de vandalismo, direcionados para estabelecimentos de restauração, assim tão perto um do outro.
O vandalismo gratuito sempre me chocou.
Baldes do lixo incendiados, grafitis em prédios e monumentos, paragens de autocarro destruídas, montras partidas… a lista é interminável.
Qual será o motor que despoleta a vontade de destruir?
Qual será o prazer que o ato gera?
Qual será a recompensa pessoal após uma ação desta natureza?
As respostas transcendem-me.
Considero o vandalismo uma das piores facetas da humanidade, infelizmente bem visível, ou exacerbada, nas cidades.
É certo que os danos por vandalismo ou roubo fazem parte dos riscos de um negócio com porta aberta para a rua. É muito provável que façam parte dos danos cobertos pelo seguro do estabelecimento e que o prejuízo financeiro possa ser (quase) totalmente ressarcido. E os danos emocionais, como se resolvem?
Ao ver aquelas pessoas perante uma porta destruída e impossibilitadas de começarem a trabalhar, imaginei o que terão sentido quando aí chegaram, bem cedo, para iniciarem mais uma jornada para garantir o seu sustento.
A revolta… a impotência, o desequilíbrio emocional que se transforma numa náusea de corpo inteiro e chega a causar o vómito…
Não faço ideia, mas senti-me solidária, desejando-lhes uma rápida resolução do problema e sem sequelas.
Lamentei a existência de tanta gente psicologicamente doente, capaz de cometer atos de vandalismo e atrocidades ainda maiores neste mundo em que vivemos, e desejei que este cenário possa melhorar, no Ano Novo que agora chega (ou num dia vindouro).