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Um pássaro sem poiso

Palavras soltas, livres, voando por aí

Um pássaro sem poiso

Palavras soltas, livres, voando por aí

18.01.20

De mãos dadas


Isa Nascimento

Mãos dadas

Sobre a mesa do café

Quando caminhamos na rua

Quando, a dormir

Nos encontramos na cama

À conversa

Ou nos silêncios

Mãos unidas

Cúmplices

Que ligam as nossas vidas

Sintonizando-as

Pelo toque

O primeiro dos sentidos

Mãos que dão

Enquanto recebem

Comunicando sem palavras

Conhecendo-se.

 

Sem as tuas mãos nas minhas

Não veria o que vejo

Sem as minhas mãos nas tuas

Não serias meu

E eu não seria tua

 

Março de 2017

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13.01.20

O amigo chocolate


Isa Nascimento

Não há dúvida, o melhor amigo de uma mulher é frequentemente um bombom (ou dois…) de delicioso e irrecusável chocolate. Neste período pós-Natal somos aliciadas por eles sem dó nem piedade. Insinuam-se por entre gavetas e armários, disponíveis para nos consolarem a qualquer a hora e em qualquer lugar.  É uma tentação constante!

Não fora o cuidado interiorizado com a preservação da saúde… e lá se iam os amigos todos de uma vez. 

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12.01.20

Contadora de histórias


Isa Nascimento

Sou uma mera contadora de histórias.

Não invento (quase) nada. A minha imaginação é pouco fértil e sou demasiado “terra a terra” para fantasiar o que quer que seja.

Recebo informação através de todos os meus sentidos, e ainda da minha intuição, tentando captar o máximo possível de detalhes. Depois limito-me a contar a minha perceção, resultante do meu próprio processo de generalizações e distorções, através do qual dou cor e sentimento àquilo que transmito. Não serei sempre fiel à realidade (independentemente do que este conceito possa significar) e acrescentarei alguns (muitos) pontos sempre que conto um conto, mas a minha vivência é invariavelmente o meu ponto de partida.

Foi por isto que, há dias, respondi ao caríssimo Dr. Doutor que só faço de conta que sou escritora. Pelos mesmos motivos também já declarei aqui no meu blogue que nunca serei poetisa.

Sempre que leio um livro que me absorve termino com a pergunta “como é que alguém consegue imaginar isto tudo?”. Deixa-me maravilhada.

Eu não nasci com esse dom, mas apaixona-me brincar com as palavras com a veleidade de conseguir contar algo que cause impacto em quem me lê, porque o exercício da comunicação é o que me move verdadeiramente.

Porque comunicar não é só transmitir informação, é também proporcionar experiências e agitar as emoções.

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10.01.20

Quisera eu


Isa Nascimento

Gostava de não me sentir assim

Comecei até a arrumar o guarda-fatos

Retirando tudo o que de velho havia

Para deitar fora,

Dar, doar, livrar-me do passado

Personificado nos objetos

Que amontoei na minha cama

Acreditando que com eles

Iriam também as mágoas

Que o nó na garganta

Se desataria

E eu conseguiria por fim

Respirar profundamente,

Aliviada, livre

Liberta da saudade

Da desilusão da espera vã.

 

Mas nada mais levavam consigo

Para além do pó.

Peças usadas, marcadas pelo tempo

Que chegavam ao fim da sua vida

Com o destino traçado no lixo.

                     

Quisera eu ir com elas

Já que as minhas penas teimavam em não ir.

 

Agosto de 2017

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