Gratidão
Gratidão por tudo e por nada
Pelo que acontece e o que não aconteceu
E até pelo pouco que valoriza o muito.
Gratidão por acordar a cada dia
Ter a dádiva da vida
E a companhia de quem importa.
Outubro de 2014
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Gratidão por tudo e por nada
Pelo que acontece e o que não aconteceu
E até pelo pouco que valoriza o muito.
Gratidão por acordar a cada dia
Ter a dádiva da vida
E a companhia de quem importa.
Outubro de 2014
Já não há dias sem ti
Porque mesmo sem ti te carrego
Omnipresente
A cada tic-tac
A cada badalada
Por muitos dias
Que passem sem ti
Todos esses dias em que desejo
Não houvesses
Se rendem
Naquelas raras ocasiões
Em que enganamos o desencontro
E te impregnas um pouco mais
Cada vez mais em mim
Afloras à minha pele
Respiras comigo, compassados
Em uníssono
O halo que me envolve
Veste agora as tuas cores
Embebidas no teu cheiro
Que não passa
Mesmo nos dias sem ti
Novembro de 2017
Saiu do autocarro sem dar pela viagem. Pisou o passeio coberto de florzinhas cor-de-rosa. Ergueu os olhos e viu que as árvores da rua tinham florido desde a última consulta. Recordou-se das flores do pessegueiro do quintal da avó e da coragem dela. Sorriu, seguindo acompanhado.
Tantas vezes olhei sem ver.
Olhei para os semáforos, para o trânsito, para as pessoas.
Olhei a fugir da chuva e do vento. Olhei a perseguir o sol… sem nunca ver os candeeiros daquela rua.
Vivo naquele bairro há quatro anos, numa zona que conheço há vinte, e nunca tinha reparado que os candeeiros do outro lado do cruzamento são diferentes dos do lado de cá.
Quantos outros detalhes terão também escapado ao meu olhar? Terei sido incapaz de ver algo importante, por não ter conseguido “olhar com olhos de ver”?
Pés de barro
Que se vão desfazendo
A cada obstáculo transposto
Os cacos semeados ao longo do trilho
Lembram os sonhos desfeitos
As palavras perdidas
Gritadas
Não ouvidas
As peças que ficaram pelo caminho
Caídas quando as mãos se apartaram
E os abraços afrouxaram
Ficaram por lá esquecidas
Num ato de criação contida
De coração empedernido
Prolongam-se as noites
Nas horas estéreis
Infecundas
Onde o tempo navega
Sem porto onde atracar
Março de 2018
Olá meu amor,
Hoje a saudade bateu com força à minha porta.
Ter de estar longe de ti não fazia parte dos meus planos, mas talvez tenha reavivado o que sinto, e sempre senti, por ti. Esta noite sonhei contigo e acordei a pensar nisso, a recordar o dia em que nos conhecemos. Éramos tão jovens, mas percebemos logo que estávamos destinados um ao outro. Nada, jamais, nos apartaria.
Dizem que não existe amor à primeira vista. Pois estão enganados, coitados. Poucos têm a sorte de saber que existe. Que, mesmo depois de passar a paixão, cá fica esse amor todos os dias, para sempre, como naquele primeiro dia em que nos olhámos e sentimos bem cá no fundo “quero ficar contigo, meu amor, o resto da minha vida”.
Le coup de feu, como dizem os franceses. E como estão certos. Um fogo intenso nasce de repente, propagando-se por todas as partes do nosso corpo de forma tão avassaladora que não há maior certeza. O maior desejo, o mais profundo amor, a paixão de querer alguém.
Sou uma dessas raras pessoas sortudas, pois tive o privilégio de me apaixonar por ti no primeiro momento em que ti vi, naquele dia em que os meus olhos se cruzaram com os teus, viram a tua luz e se renderam a ela.
Quis o destino, quisemos nós, que esse amor não nos fugisse. Que nos acompanhasse ao longo dos bons e maus momentos da vida. Que se visse em cada cabelo branco que nos diz que o tempo passou.
Em breve regressarei para junto de ti, pois de outra forma a vida não tem sentido. Porque quero envelhecer contigo, meu amor, continuar a rir e a chorar a teu lado, “até que a morte nos separe”.
Sei que não precisava de to dizer, que percebes na minha voz e no que não te digo quando falamos ao telefone, mas há muito que não te escrevia, e nada melhor do que o poder de uma carta de amor para avivar a chama da paixão (sei-o bem, pois ainda guardo todas as cartas que me enviaste enquanto namorámos).
Por isso te escrevo hoje, para te dizer que me deito e acordo contigo todos os dias e que serei para sempre tua.
Com amor,
Vera
Autor: Isa Nascimento
Texto incluído em:
III Volume da "Colectânea de Cartas de Amor: Três Quartos de Um Amor", Chiado Books. Fevereiro de 2020
O meu dia corre melhor sempre que começa a acompanhar este quarteto.
Um jovem pai e três filhos de tenra idade. É uma delícia vê-los. Vão sempre agarradinhos e a conversar. Os mais velhinhos sempre alegres, a andar “aos pulinhos” como só as crianças sabem fazer quando estão bem dispostas.
O pai, com uma enorme paciência, a responder às suas perguntas e a alertar para os perigos da caminhada matinal até ao infantário.
É um reconfortante aporte de energia positiva (a quadruplicar) logo pela manhã…
Bem-haja cada dia que permite que os nossos caminhos se cruzem.