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Um pássaro sem poiso

Palavras soltas, livres, voando por aí

Um pássaro sem poiso

Palavras soltas, livres, voando por aí

21.05.20

Ocaso


Isa Nascimento

Saí de casa para ir ver o pôr-do-sol

Não me lembro de alguma vez o ter feito antes

Mas hoje lá fui, de propósito, contemplá-lo

Um maravilhoso ocaso em todo o seu esplendor.

 

Sentei-me num banco e fechei os olhos

De pálpebras cerradas vi as suas cores

Tons de fogo salpicados de preto

Piscando, flamejantes, como uma lareira.

 

Estava frio e soprava um vento indeciso

Que dançava com o meu cabelo

Atirando-o para um lado e para o outro

Acariciando o meu rosto num afago terno.

 

E assim fiquei por uns instantes

Contemplando o fim de mais um dia

Deixando-me envolver no abraço frio

Da nortada anestesiante.

 

Maio de 2020

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19.05.20

Manga curta, sol e esplanada


Isa Nascimento

Toda a gente sabe que gosto de café.  E também não é segredo que tinha imensas saudades de o poder degustar numa esplanada soalheira!

 Chegou o dia de matar as saudades. 

Ontem não me consegui organizar para o poder fazer, mas de hoje não podia passar...

Lá fui, no início da manhã, à esplanada que me é mais próxima e onde há sol e um bom café. Uma pequena caminhada com calor suficiente para ir de manga curta e poder sentir o abraço quente do sol da manhã sem “fritar os miolos”.

Foi uma visita ainda um pouco envergonhada. De curta duração porque as circunstâncias assim o exigem, mas extremamente revigorante.

Soube-me especialmente bem aquele abatanado numa chávena de loiça, enquanto li duas ou três páginas de um livro que convida a viver a vida sem stress e recarreguei as baterias para mais um dia… 

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13.05.20

Lágrimas de chuva


Isa Nascimento

Pelas vidraças da minha janela

Vejo a chuva a cair

As lágrimas do céu

Das almas que por nós choram

Enquanto assistem

Impotentes

À nossa autodestruição.

 

E por entre as gotas da chuva

Que vejo lá fora

Correm as lágrimas que não verto

Quando sofro eu

Ou sofre este mundo

Que nos acolhe no seu abraço

Enquanto, lentamente

O destruímos.

 

Enquanto escorre, estrada abaixo

Esta chuva benfazeja

Vai limpando as ruas

Matando a sede às flores

Alimentando, ainda, o ciclo da vida

Que recomeça a cada primavera.

 

Deixo-me estar a observá-la

Pelas vidraças da minha janela

Vendo-a cair constante, persistente

Embalando-me na sua cantiga

Antiga canção de embalar

Tranquilizante

Reconfortante

Que me apazigua a alma.

 

Março de 2018

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