A minha vida tem-me dado uns valentes socos na barriga. Daqueles completamente imprevisíveis, que nos fazem vergar sob a dor e a falta de ar. Daqueles que nos paralisam num primeiro momento e depois nos obrigam a reaprender a andar, lentamente, curvados com o peso das memórias e da incerteza do futuro.
Não sei se me tornei mais forte depois de cada um deles, mas sei que aprendi sempre qualquer coisa e, na maioria das vezes, para minha autodefesa, na expectativa de que o soco seguinte doesse menos.
Mas a vida é sempre muito imaginativa e tem a interminável capacidade de criar cenários inesperados, mostrando-nos que há sempre mais qualquer coisa que pode correr ainda pior e que o fundo do poço se mantém a mais um tombo de distância.
Praticamente nada no meu presente corresponde aos inúmeros futuros antecipados no passado.
A realidade levou-me por caminhos que nunca pensei percorrer e não tive outro remédio senão limitar-me a (tentar) tirar o melhor partido das partidas que me foi pregando ao longo do tempo.
Saí vencedora algumas vezes, mas noutras restou-me apenas aceitar a derrota e iniciar outra batalha.
Por isso deixei de desejar e a passei a definir apenas objetivos a curto prazo. Às vezes demoro algum tempo a digerir e a aceitar algum evento pessoal ou familiar mais difícil de relativizar, mas lá consigo reconciliar-me com ele e encontrar as melhores soluções possíveis, sendo que, em muitos casos, a solução se resume a “aceitar plenamente”, sem ira, revolta ou desapontamento, e procurar a nova janela que se abre, algures, à minha volta.
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