Serei a tua âncora

Para que não navegues à deriva

Serei a tua boia

Se o teu barco naufragar

Serei a tua corda

Segurando-te à beira da falésia

Serei o teu farol

Guiando-te durante a tormenta

Serei o teu porto de abrigo

Onde te esperarei no final da tua viagem

Julho de 2020

Trinta dias, trinta poemas

Um mês cheio de poesia

De palavras arrancadas à força

Entre os destroços de um tornado

Ou colhidas sem esforço

Entre a fruta amadurecida e perfumada

Num dia soalheiro de verão

Julho de 2020

– Podia dar-me um cigarro, por favor? – Não fumo, respondi, levantando o olhar para a ver. Rosto sereno, quase sem expressão. Olhos sem brilho nem alegria. Tez macilenta, talvez 60 e poucos anos. Não respondeu. Mais um passo e parou, apoiada numa cadeira, imóvel, fitando o vazio.

Há dias assim, em que se questiona o quê e o porquê.

Dias que desejarias passassem a correr

Levando pensamentos e recordações,

Deixando uma tela limpa e branca

Onde recomeçarias a pintura de outros dias.

Outros dias diferentes.

Não necessariamente melhores.

Simplesmente diferentes.

Dezembro de 2014

Uma frase que há muito trago comigo e que não me canso de repetir:

A amizade é como uma planta , se for pouco regada murcha, se não tiver água suficiente seca e acaba por morrer! 

Por isso sempre fiz questão de regar adequadamente as minhas amizades, não esquecendo de as felicitar por mais um aniversário, devolvendo chamadas não atendidas, respondendo sempre às mensagens escritas e, pelo menos uma vez por ano, telefonando simplesmente para saber como lhes corre a vida.

Sad… so sad…

How could I have been so deceived?

How could I have ever been so blind?

All the signs laying around for me

Popping out every day

So true indeed

The greatest blind

Is the one who refuses to see

It seemed so impossible

That I couldn’t see it coming…

Abril de 2015

A natureza humana é engraçada. Num momento estamos bem e logo a seguir somos invadidos por um desconforto que começa na barriga e logo se alastra pelo corpo todo.

Às vezes basta uma notícia, uma fatura para pagar, uma fotografia antiga que nos passa pelas mãos...

E de repente damos connosco angustiados, com vontade de comer um pacote inteiro de bolachas ou de nos enfiarmos na cama desejando que o sono chegue depressa para não pensarmos em mais nada.

Eu racionalizo e relativizo tudo, até sei quais são as melhores técnicas para conseguir o autocontrolo emocional, mas nem por isso me escapo à constante inconstância humana. Sei que é natural, que faz parte desta montanha-russa a que chamamos vida, mas não gosto quando me acontece, quando o meu humor escapa à minha vontade, quando a razão não consegue domar o sentimento.

Não gosto que os contratempos me derrubem e ofusquem todas as coisas boas que vivo diariamente.

Sei que tudo serve de aprendizagem e que acabo sempre por me levantar, apoiada nessas coisas boas, mas alguns trambolhões vão deixando mossas...