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Um pássaro sem poiso

Palavras soltas, livres, voando por aí

Um pássaro sem poiso

Palavras soltas, livres, voando por aí

30.12.20

Abatimento


Isa Nascimento

Não há comprimidos para tratar a tristeza.

Era bom se houvesse…

Aliviaria essa tristeza que teima, consumindo devagarinho

O sorriso, a vontade, o entusiasmo, a fé.

Se fosse revolta, daria para lutar.

Se fosse raiva, um saco de boxe resolveria.

Mas tristeza…

Não sei. Sente-se, dia após dia

Entranhando-se em todos os poros.

Criando outra pessoa.

Impotente e inerte,

Sem controlo da própria vida.

 

Dezembro de 2014

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23.12.20

Versos calados | coletâneas Chiado Books


Isa Nascimento

Não valia a pena falar-lhe de amor.
Falar-lhe de amor era recitar-lhe poesia.
A poesia do toque entre duas mãos,
Do perfume de uma rosa escarlate,
Da música do rouxinol ao entardecer,
De uma carícia no rosto enlevado.

Mas de poesia ele nada sabia.
Não o encantava como a encantava a ela,
Suavemente embalando-a
No seu ritmo melodioso
Inaudível para ele.
Incompreensível como o romantismo
Escondido por trás da luz das velas,
Trémulas e envergonhadas como ela
Quando lhe falava de amor.

Ficou sem jeito, perdeu a vontade.
Guardou no seu peito a poesia
Que a ele nada dizia
E assim, calada, se deixou ficar,
Olhando-o, simplesmente, a sonhar.

 

Autor: Isa Nascimento

Texto incluído em:

XII Volume da "Antologia de Poesia Portuguesa Contemporânea: Entre o Sono e o Sonho”, Chiado Books. Dezembro de 2020

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20.12.20

A era do Postais de Natal já era…


Isa Nascimento

Foi há mais de dois meses que combinei com a nossa querida Nala falar sobre os postais de Natal  em papel e como tudo mudou nas saudações natalícias.

Esta promessa veio como resposta ao seu gratificante convite para participar no  seu "Calendário do Advento 2020", mas tenho de confessar que não foi um desafio fácil… não sou fã das “festas”. 

Assim, hoje estou novamente de visita a um blogue vizinho , e esta foi a minha oferta

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12.12.20

Saudade


Isa Nascimento

Sente-se

Em nada se diz

Está no abraço não dado

No beijo atirado

Em tudo o que não fiz

 

Saudade

O quanto abarca

De momentos idos

Com tanto de indizível

Noutros tantos não vividos

 

No coração

Na mente

No âmago do ser

Se encontra

Se ressente

Saudade amarga

Por vezes doce

Impregnada em mim

 

Volátil e impalpável

Na inexistência existe

Fiel companheira

Traiçoeira e triste

 

Dezembro de 2020

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