Fora um ano mau. Perdera o pai sem poder despedir-se. Antes disso começara a lutar contra um cancro no útero. Tivera de “tirar tudo”, como costumava dizer. Sentia-se vazia, mas não conseguia chorar. Não sabia se lamentava mais a perda do pai, ou a do filho que já não poderia ter.

Um dia virá

Que para trás deixará

A mágoa e o desapontamento.

Um dia virá

E para trás ficará

Este triste sentimento

Que aperta o coração

Corroído de desilusão.

Outubro de 2014

Hoje, a minha mesa de esplanada foi na cozinha. 

É claro que não foi a primeira vez que tomei o café da manhã na cozinha... mas foi a primeira vez que me sentei a degustá-lo com o meu caderno ao lado, tal como faço nas minhas tão apreciadas esplanadas.

Uma nova realidade em dia de chuva e confinamento.

Soube bem na mesma, este momento só meu. 

A irmã não gostava da sua melhor amiga. Tinham tido um desentendimento em jovens que os anos não permitiram esquecer. Telefonava-lhe às escondidas para não irritar a irmã. Um dia encontrou a amiga no supermercado e distraiu-se na conversa. Baixou a guarda e nem viu a irmã chegar.

... nos jardins da minha cidade! 

Saí para uma curta caminhada depois de ler a publicação de hoje da Luísa de Sousa, e deixei-me inspirar pelo sempre magnífico Jardim Amália Rodrigues. Hoje encontrei por lá uma "ave rara".

Como adoro este espaço!

Abro os olhos e penso em ti

Não lamento que aqui não estejas

Afinal, muitos dias já acordei só

E muitas noites assim adormeci

Sei agora que este pássaro desvairado

Não precisa de ter poiso certo

Precisa de voar pelo seu mundo revirado

Livremente, sem hora marcada

As suas asas cresceram na tua ausência

Fortaleceram a cada novo desapertar

A cada nova busca pela sua essência

Preenchendo as horas desacompanhadas

De alma assim agigantada

Encontrei a Estrela do Norte em mim

Deixei de a buscar nos céus

No dia em que a espera teve fim

Setembro de 2020