Determinação
Vou resgatando a vontade
Entre as pedrinhas perdidas
Nos intervalos das pedras da calçada
Encontro-a nos mais pequenos detalhes
Desta vida tantas vezes amaldiçoada
Outras tantas abençoada
Dezembro de 2020
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Vou resgatando a vontade
Entre as pedrinhas perdidas
Nos intervalos das pedras da calçada
Encontro-a nos mais pequenos detalhes
Desta vida tantas vezes amaldiçoada
Outras tantas abençoada
Dezembro de 2020
Presa ao ventre materno nasci
Com violência dele me apartei
Num corpo frágil engrandeci
Porém nunca me libertei
Prendi-me à vida de mulher
Às regras, às obrigações e ao dever
Escondi as lágrimas por pudor
Por vergonha calei a minha dor
Cortei as asas por já não saber voar
Presa fiquei, esquecida de sonhar
Apegada à ilusão
Sem querer largar-te a mão
Cega vivi no descontentamento
De olhar fixo no firmamento
Apagando o sorriso franco
Deixando as páginas em branco
Uma noite as estrelas se extinguiram
Escurecendo os tempos que se seguiram
Já nem a lua me alumiava
Num infindo enredo me emaranhava
Um dia os nós resolvi desatar
E comecei por tua mão largar
Nesse dia minhas asas resgatei
No desapego, leve, voei
Autor: Isa Nascimento
Texto incluído em:
II Volume da "Antologia da Poesia Livre: Liberdade", Chiado Books. Abril de 2021
“Para onde vai essa criatividade toda?”, perguntaram-me um dia. “Para a escrita, adoro escrever.”, respondi eu.
Um escape, uma fuga, um processo de catarse…
"Devias escrever um livro..." também já ouvi uma mão cheia de vezes
Contudo, nunca foi realmente para escrever um livro. Tem sido essencialmente o meu devaneio escondido.
Na verdade, a minha escrita só começou a ser partilhada a 16/10/2019, data da primeira publicação no Um pássaro sem poiso.
O meu blogue, que se tornou o meu refúgio.
E continua a servir acima de tudo para organizar as minhas ideias e manter a mente sã, sem outros objetivos por trás.
Mas, eis que chega um novo Dia Mundial do Livro.
Mais uma vez me lembrei daquela trilogia de objetivos de vida: Ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro…
Tive dois, plantei uma, não escrevi nenhum.
Porque será que é tão atrativa e desejada a publicação de um livro?
É claro que também penso nisso de vez em quando. É uma ideia demasiado aliciante para nunca pensar nela.
Um dia afirmo que o farei. Nos restantes digo que não. Penso que seria apenas mais um livro entre muitos que nunca deveriam ter sido publicados, servindo a sua publicação apenas para deleite do Ego. Desagrada-me profundamente a ideia de ter um livro publicado sem que ninguém deseje comprá-lo...
Adoro demasiado os livros. Não imagino a vida sem eles. São o pilar da transmissão de conhecimentos e uma fonte inesgotável de contentamento.
O meu seria um desses? Provavelmente não. O mais certo é que servisse apenas para gastar papel... e eu detesto desperdício.
Sentada, sozinha, numa esplanada
Escrevo o meu conto de fadas
Há uma princesa irresistível
Rapidamente desejada
Por um belo príncipe encantado
Que tudo fará para a libertar
Da solitária fria e escura
Onde se encontra aprisionada
Condenada à solidão, vida após vida,
Alma reencarnada com o mesmo destino
Tenta agora alcançar uma mão
Que a puxe daquele silêncio gelado
Onde foi deixada quando nasceu
Procuro um final feliz para a história da minha princesa
Dando-lhe uma fada madrinha bondosa
Que transforma as cadeiras em tufos de flores
E as mesas em espelhos de água
Onde nadam as beatas feitas peixes dourados
Nesse jardim assim sonhado
Há luz e paz
E um príncipe encantado
Que dança com ela ao canto do rouxinol
E lhe segreda ao ouvido que nunca mais estará só
Um avião ruge no céu
Ecoando como um trovão
Desmanchando o sonho
Calando a promessa
Agosto de 2018
Há um paraíso paralelo
A uma existência desnorteada
Há um céu azul estrelado
Por cima de uma casa destelhada
Nos dias, poucos, da vida no Éden
És o meu rumo e o meu norte
No teu abraço, aconchegada
Já não preciso de casa, nem de telhas
Nem de nada
Agosto de 2018
Cabe tudo numa folha em branco
Os sonhos da humanidade
Uma flor singela
Letras, palavras, frases
Construindo crenças
Contando histórias
Desvendando segredos
Não sei, às vezes, como enchê-la
Fito-a, alva, imaculada
Antes de a ferir
Com o traço da caneta
Vacilo, na dúvida
Buscando a inspiração
Do poeta por amor enlouquecido
Nesta folha ainda incólume
Minha alma se espelha
Derramando-se na tinta
Subjugada por meu punho
E folha a folha me construo
Página a página me revelo
Transferindo-me linha a linha
Esperando caber nela
Setembro de 2017
É domingo de Páscoa, temos de reunir a família, comer à farta um bom assado, oferecer e receber chocolates e amêndoas...
Se tivermos tempo, recordaremos que há um tal de Jesus Cristo por trás disto tudo, que terá morrido e ressuscitado para salvar a humanidade, para nos mostrar que são as nossas ações que nos tornam boas pessoas e não os nossos bens ou o nosso aspeto.
Mas tudo isto são convenções.
Hoje é um domingo como outro qualquer para os que vivem sós, para os que vivem longe, para os que não têm dinheiro para pagar a renda, quanto mais o cabrito e os chocolates.
Só a mensagem de Jesus Cristo, acreditando ou não na sua existência, sendo ou não cristão, se aplica a todos e está ao alcance de todos.
A forma como tratamos os outros é o que realmente importa, hoje e todos os dias.
Que seja um dia colorido e doce, porque é primavera e a doçura está nas nossas ações.