Mente
Não chego nunca a sossegar-te.
Mesmo que rédea solta não te dê
Acabas sempre por te intrometer,
Sorrateiramente, dizendo-me coisas inesperadas,
Ostensivamente, ensurdecendo-me com a tua voz,
Levando-me para longe contra o meu querer.
Tudo tentei para te domar, em vão
Quis sossegar esse galope selvagem e desenfreado
Que me atormenta e tanto mente,
Obrigando-me a um corrupio constante
Entre porquês e perguntas impossíveis de responder.
Essas mentiras que inventas
Para te entreteres zombando de mim,
Atiram-me à cara fragilidades envelhecidas,
Fazendo-me refém dos erros passados,
Martirizando-me por um futuro que prevês soturno.
E assim me enganas sob o meu próprio teto,
Fazendo troça por não conseguir calar-te,
Mesmo que te suplique por um segundo de silêncio
Só para eu poder descansar…
Agosto de 2021