Alma
Há dias em que devoro as palavras,
Outros em que mal as saboreio.
Sei por isso que não tenho alma de poeta,
Porque tão depressa não as largo
Como logo de seguida me enfadam.
Abril de 2022
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Há dias em que devoro as palavras,
Outros em que mal as saboreio.
Sei por isso que não tenho alma de poeta,
Porque tão depressa não as largo
Como logo de seguida me enfadam.
Abril de 2022
Poderia passar sem esplanadas? Poderia, mas não era a mesma coisa.
Poderia passar sem café? Poderia, mas a vida seria bem menos saborosa.
Poderia passar sem livros? NÃO! Não poderia... seria como viver na escuridão.
“Sábado Gordo”, véspera de Páscoa. Decidiu ir ao cinema, pela primeira vez, sozinha. Uma nova experiência. Ainda que o silêncio no regresso a casa fosse pesado, tinha de aprender a fazer o que gostava desacompanhada. Começava um novo capítulo. O primeiro dia do resto da sua vida.
O pontão range violentamente
Ao sentir-se estrangulado
Pelas amarras que os marinheiros lançam
No momento de atracar o barco
Num grito de angústia reclama
Está cansado das tempestades
Que lhe atiram as ondas do rio
Um gemido profundo e tenebroso
Pelas centenas de pessoas que aí vêm
Assim que as portas da embarcação abrirem
Sente-se gasto e usado
Triste com tanta ingratidão e indiferença
Das gentes que por ele passam
Sem darem pela sua presença
Setembro de 2020
Costuma acordar durante a noite com a chuva. As escadas de serviço são metálicas, amplificam o ribombar das gotas a bater no chão. Não se importa. Agradece sempre o facto de estar sob proteção e de nenhuma das suas pessoas estar lá fora, sujeita à intempérie. Ora pelas que estão.
“És opinativa, exigente e deves ter o hábito de cobrar…”
“Devias pintar o cabelo, arranjar as unhas e usar saltos altos…”
“Estás muito magra…”
“Falas muito alto. Pareces um piano desafinado…”
“Lá estás tu a sofrer por antecipação…”
Assim seja.
Que pensem de mim o que quiserem.
Críticas não são mais do que opiniões. E toda a gente as tem em abundância.
Se há algo que a vida ensinou, é que só eu estou comigo todos os dias da minha vida, por isso o melhor é agradar a mim mesma em primeiro lugar.
Em “Manhã”, Adília Lopes escreve só gosto de coisas engraçadas e inocentes.
De imediato pensei:
Só gosto de coisas tristes e picantes.
Não é verdade.
Mas foi o que pensei.
Um eco ao contrário.
Estudo de Perspetiva em Vidro, Ai Weiwei, exposição "Rapture" realizada entre junho e novembro de 2021 na Cordoaria Nacional (Lisboa)