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Naquele dia detive-me
A olhar para o areal da praia
Primeiro para as ondas formadas pelo vento
Depois para os cacos deixados pelas conchas
Para as penas, altivas, à espreita
Refinei então o olhar, passando à contemplação
Das pedras, intrusivas, que reclamam o seu espaço
De cada grão minúsculo
Da multiplicidade de formas e cores
Das sobreposições
Das forças que ditam qual deles fica por cima
Numa caótica hierarquia
Entretive-me a brincar com a areia
Afaguei-a no aconchego da minha mão
Um punhado de grãozinhos brilhantes
Uma mão-cheia de pequenos nadas
Que deixei escorrer entre os dedos
Levados pela brisa do mar
Embrulhados nos meus pensamentos
Agosto de 2020