A minha vizinha gata
Na meditação ensinam-nos a apreciar o agora. Na verdade, eu já tinha tendência para apreciar pequenas coisas especiais, uma flor no inverno, as aves, a beleza das coisas velhas e enferrujadas...
E foi dessa forma que comecei o meu dia. Abri a persiana da marquise da cozinha e dei com a minha vizinha gata. Uma vizinha silenciosa que, de vez em quando, se deixa ver nas traseiras da minha casa. Hoje estava empoleirada no muro, em posição de caça, constantemente a ajustar o sentido das suas orelhitas, atenta a todos os ruídos e a todos os movimentos que a rodeavam. Tal e qual um radar.
Fiquei ali uns minutos a apreciar aquela gata malhada, de pelo branco, preto e cor de mel. De olho vivo e atento. E pensei como seria bom poder estar assim, livre, alheia às convulsões do mundo e às alterações climáticas, sem qualquer responsabilidade pela destruição do planeta azul.