As maravilhosas fotografias tangíveis
Infelizmente em vias de extinção, as fotografias “reais” em papel, manipuláveis e de mil e um tamanhos diferentes, proporcionam momentos verdadeiramente especiais.
Bem sei que as fotografias digitais são mais ecológicas, dão para aumentar quando queremos ver algum pormenor e partilham-se mais facilmente, mas, pegar num álbum de fotografias a preto e branco que cheiram a mofo dos anos passados no fundo do armário, folheá-lo vagarosamente e recordar como éramos, ou como os nossos pais eram quando nascemos, é algo insubstituível pelos suportes de imagem modernos.
Fotografias pouco nítidas, já esbatidas, algumas com defeitos de revelação e de exposição excessiva à luz que nos desafiam a memória para as enquadrar num passado distante, enfiadas aleatoriamente em envelopes amarelecidos pelo tempo.
A surpresa da primeira fotografia que aparece quando retiramos o monte de dentro do envelope, a saudade dos avós que já partiram, a recordação de momentos que já nem lembrávamos de terem alguma vez existido…
A partilha de tudo isto com familiares e amigos:
- Quando é que isto terá sido?
- Quem é esta que estava aqui ao teu lado?
- Olha tu aqui com o primo P. no teu aniversário!
- Quando acabares passa para mim, também quero ver!
- Aqui nem pareces tu…
- Adorava este fato de banho!
- Este é o único bolo de aniversário de que nunca me esqueci!
- Vê só como o teu pai era quando tinha a tua idade.
A verdade é que não nos sentamos à volta de um computador para ver fotografias em grupo. Mesmo que as mostremos numa televisão e as vejamos juntos sentados num sofá, não as manipulamos, não lhes tocamos. Não podemos demorar-nos o que quisermos a contemplar as imagens que nos tocam mais fundo e nos fazem estar gratos pela vida que tivemos.
A imagem da fotografia que seguramos na mão comunica connosco através de todos os sentidos e por isso é tão especial.