Desembarque
O pontão range violentamente
Ao sentir-se estrangulado
Pelas amarras que os marinheiros lançam
No momento de atracar o barco
Num grito de angústia reclama
Está cansado das tempestades
Que lhe atiram as ondas do rio
Um gemido profundo e tenebroso
Pelas centenas de pessoas que aí vêm
Assim que as portas da embarcação abrirem
Sente-se gasto e usado
Triste com tanta ingratidão e indiferença
Das gentes que por ele passam
Sem darem pela sua presença
Setembro de 2020