Diante de mim
Olhei para o céu enladrilhado
Pequenos tufos de lã alva
Imaculadamente brancos sobre o céu anil
Transformado em paleta de azuis
Olhei para lá das árvores
Que me davam os bons dias
Agitando suavemente os braços
Céu, nuvens, árvores e lago cerúleo
A pintura perfeita diante de mim
Recebendo minha alma em seu abraço
Oferecendo-me o seu colo
Imenso e acolhedor, seguro
Lembrei os olhos da minha mãe
Vi-os entre os salpicos brancos
Naquele imenso céu azul
Para onde quer que olhasse
Lá estavam eles, os olhos dela
Cristalinos como um espelho d’água
Sorrindo, dizendo-me que era hora
De tirar os olhos do espaço celeste
E deixar por lá as mágoas
Setembro de 2020