Enjaulada
Na solidão me conheço
Contemplando-me de dentro
Pairando sobre mim
Reflito sobre o dito
O indizível e o não dito
Desenquadrada deste mundo
Buscando a
Sensação de pertença
Legitimidade do meu lugar
Encontro-me só
Desfrutando dessa solitude
Quietude apaziguadora
Da minha própria companhia
Acuso-me, desculpo-me
Compreendo-me
Vejo o que sou
Almejando o que não sou
Cobiçando outra vida
A vida daqueles
Que por mim passam
Aparentemente contentes
Supostamente em paz
Exibindo a serenidade
Desde sempre ansiada
Por esta minha alma
Insatisfeita
Irrequieta
Assim desgarrada
Observo o bulício
De um génio sonhador
Nesta existência enjaulado
Agrilhoado
Tentando evadir-se
Desde sempre
Eternamente
Setembro de 2017