Essência
Não há imagens que consigam captar
Toda a essência deste lugar
Numa soalheira manhã de outono
Não há palavras que possam descrever
Toda a plenitude deste verter
De energia generosamente repartida
As imagens encolhem-no
Minguam o que o olhar alcança
E removem os outros sentidos da dança
As palavras são incompletas
Sem olfato, paladar ou audição
Nem transportam o vento brincalhão
Nem imagens nem palavras ecoam
O chapinhar satisfeito no lago
D’um cão procurando algo
Escritas, as flores perdem o aroma
Visto, o chilrear dos pássaros é silêncio
E nada no café ao palato assoma
Só no seio da sua essência se sente
O afago da brisa que brinca com o cabelo
O carinho cálido do sol omnipresente
O sossego da alma e do pensamento
Setembro de 2020