Ninguém é verdadeiramente livre
A liberdade é uma ilusão.
Desde que nascemos que atamos laços e construímos correntes. Ora estamos dependentes de alguém, ora alguém depende de nós.
Os vínculos estabelecidos ao longo da vida são inúmeros. Somos condicionados pelas regras da “boa educação”, pelo contexto religioso e político em que vivemos, pelas responsabilidades escolares e profissionais, pelos compromissos pessoais e pelos deveres parentais ou familiares.
É assim que vamos construindo as crenças e os valores que norteiam as nossas decisões. Decisões essas que, mesmo quando totalmente tomadas sob a premissa do livre-arbítrio, não são assim tão “livres”.
Até que ponto temos o poder para escolher efetivamente de acordo com a nossa vontade?
A verdade é que acabamos (quase) sempre por decidir com base em todos aqueles vínculos já criados ou com base em interesses e objetivos futuros que condicionam e restringem as hipóteses que temos disponíveis.
Por isso costumo dizer que “a vida me acontece”. Não sou eu que faço acontecer algo novo, antes pelo contrário, a vida traz-me um novo facto, um novo acontecimento, e eu decido de acordo com isso. Mesmo olhando retrospetivamente, não consigo encontrar uma escolha que tenha feito de forma totalmente livre e isenta de quaisquer condicionantes.
Contudo, recordo-me de várias decisões que tomei de livre vontade, mas que, na realidade, não eram a escolha que eu gostaria de ter podido fazer…