Num grão de café
Enquanto degustava o meu café
Tranquilamente na minha cozinha
E os sons do dia começavam a despontar lá fora
Senti o aroma dos países quentes
Impregnado no grão torrado ao sol
E vi as gentes a cuidar das plantas
As suas mãos secas e ásperas
Da labuta diária que é viver da terra
Alguns rostos tristes e saturados
Já sem fé que os anime
Outros alegres e sorridentes
Orgulhosos do seu trabalho
Das técnicas ancestrais que passam
De jornada em jornada
Oralmente e na prática
Às gerações seguintes
Até os rostos cansados
Por momentos se animam
Quando o legado passado
É também vindouro
Agosto de 2020