O presente do destino
Atrevi-me a imaginar o meu destino
Talvez por isso me tenha castigado
Acontecendo-me de forma tão diferente
Da que me atrevera a imaginar
Vi-me no aconchego de um lar morno
Embalada pelo crepitar da lareira
Ao ritmo de vozes familiares
Várias, conhecidas todas, tranquilizantes
Casa cheia, mesa farta
Caminhando de mãos dadas ao crepúsculo
Sonhava assim os meus dias
Num futuro não muito distante
Ofereceu-me o destino outro presente
Um lar arrefecido de lareira extinguida
Onde a mesa está vazia
E as vozes são ecos de outrora
Não mais ousei desafiá-lo!
Ferverosamente desentusiasmada
Fiz prisioneira a minha imaginação
Para que ele não note
Que às vezes
Ainda
Arrisco tal atrevimento
Vendo-me ainda de mãos dadas
Passeando
Num entardecer qualquer
Novembro de 2017