Ocaso
Saí de casa para ir ver o pôr-do-sol
Não me lembro de alguma vez o ter feito antes
Mas hoje lá fui, de propósito, contemplá-lo
Um maravilhoso ocaso em todo o seu esplendor.
Sentei-me num banco e fechei os olhos
De pálpebras cerradas vi as suas cores
Tons de fogo salpicados de preto
Piscando, flamejantes, como uma lareira.
Estava frio e soprava um vento indeciso
Que dançava com o meu cabelo
Atirando-o para um lado e para o outro
Acariciando o meu rosto num afago terno.
E assim fiquei por uns instantes
Contemplando o fim de mais um dia
Deixando-me envolver no abraço frio
Da nortada anestesiante.
Maio de 2020