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Um pássaro sem poiso

Palavras soltas, livres, voando por aí

Um pássaro sem poiso

Palavras soltas, livres, voando por aí

19.03.23

Pai 13 vezes


Isa Nascimento

Dizem que ser avô é ser pai pela segunda vez.

Se o meu pai tem quatro filhos e nove netos, então é pai 13 vezes!

E não anda muito longe da realidade.

Deu biberão, mudou a fralda e deu banho aos quatro filhos e aos nove netos. Muitas vezes!

 

Ainda hoje, já com 79 anos, vai buscar um dos netos à escola, leva outro (e os respetivos colegas) ao basquetebol, faz canjinha para um dos mais velhos, dá boleia e jantar até aos amigos dos netos.

Compra guloseimas e aperitivos para todos eles e ainda vai ver os espetáculos da tuna da neta artista, até à uma hora da manhã!

Sempre com alegria e orgulho.

Já era assim com os filhos (menos as guloseimas e os aperitivos). Tudo o que fez por e para nós foi sempre com dedicação, altruísmo e sem uma ponta de cobrança.

 

O meu pai é um homem extraordinário. Foi enfermeiro por paixão e empregado bancário por necessidade (para poder deixar os turnos).

Vive sozinho e ninguém o ouve queixar-se por isso.

Vai às compras, cozinha, lava e estende a roupa, passa a ferro, tira os borbotos às camisolas e até passaja os buraquinhos das meias e das T-shirts.

(A imagem mostra um desses buraquinhos passajados numa T-shirt de um dos netos.)

 

Anda sempre asseado e de barba feita.

Faz alongamentos todos os dias de manhã.

Muitas vezes esquecemo-nos da idade que já tem, pois o tempo parece não passar por ele.

Dizem que está sempre na mesma.

E ele, com um sorriso de orelha a orelha, começa a contar todas as suas tarefas diárias que o arrancam de casa e do sofá, trazendo-lhe propósito e alegria de viver.

O meu pai sempre foi um homem diferente dos da sua geração, e hoje, mais do que nunca, sinto-me profundamente grata por me ter calhado esse homem como pai.

22022022 - 2

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