Pai 13 vezes
Dizem que ser avô é ser pai pela segunda vez.
Se o meu pai tem quatro filhos e nove netos, então é pai 13 vezes!
E não anda muito longe da realidade.
Deu biberão, mudou a fralda e deu banho aos quatro filhos e aos nove netos. Muitas vezes!
Ainda hoje, já com 79 anos, vai buscar um dos netos à escola, leva outro (e os respetivos colegas) ao basquetebol, faz canjinha para um dos mais velhos, dá boleia e jantar até aos amigos dos netos.
Compra guloseimas e aperitivos para todos eles e ainda vai ver os espetáculos da tuna da neta artista, até à uma hora da manhã!
Sempre com alegria e orgulho.
Já era assim com os filhos (menos as guloseimas e os aperitivos). Tudo o que fez por e para nós foi sempre com dedicação, altruísmo e sem uma ponta de cobrança.
O meu pai é um homem extraordinário. Foi enfermeiro por paixão e empregado bancário por necessidade (para poder deixar os turnos).
Vive sozinho e ninguém o ouve queixar-se por isso.
Vai às compras, cozinha, lava e estende a roupa, passa a ferro, tira os borbotos às camisolas e até passaja os buraquinhos das meias e das T-shirts.
(A imagem mostra um desses buraquinhos passajados numa T-shirt de um dos netos.)
Anda sempre asseado e de barba feita.
Faz alongamentos todos os dias de manhã.
Muitas vezes esquecemo-nos da idade que já tem, pois o tempo parece não passar por ele.
Dizem que está sempre na mesma.
E ele, com um sorriso de orelha a orelha, começa a contar todas as suas tarefas diárias que o arrancam de casa e do sofá, trazendo-lhe propósito e alegria de viver.
O meu pai sempre foi um homem diferente dos da sua geração, e hoje, mais do que nunca, sinto-me profundamente grata por me ter calhado esse homem como pai.