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Um pássaro sem poiso

Palavras soltas, livres, voando por aí

Um pássaro sem poiso

Palavras soltas, livres, voando por aí

20.03.21

Primavera


Isa Nascimento

Sentei-me na chapa quente

dos degraus das escadas das traseiras.

Cheio de vigor, o sol exuberante

aparecia por cima dos telhados

ao som do sino que tocava as dez badaladas.

 

Num quintal ao lado,

uma árvore vestida de branco

mostrava-se orgulhosamente pura

no meio de um matagal de ervas daninhas

que reclamavam todo o espaço para si.

 

Logo ao lado, o cão do pátio ladrilhado

agitava-se inquieto, pedindo para sair.

Largava toda a sua energia contida

ladrando ao avião que passava,

sem conseguir calar-se

nem quando o silêncio ao céu regressava.

 

Depois dos dias de chuva inebriante,

que deixara a natureza viçosa e fresca,

pronta para receber mais uma primavera,

o musgo trepava pelas paredes

e a nespereira alcançava um pouco mais.

 

Tanto verde havia em meu redor,

refletindo os raios do sol caloroso

que abraçava o dia e as escadarias,

também elas verdes como a esperança

impregnada naquela árvore florida,

que recomeçava o ciclo da vida.

 

Fevereiro de 2021

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