Será que gastámos as palavras?
Quem gosta de escrever umas coisitas procura desesperadamente ser original. Dizer alguma coisa pela primeira vez ou fazê-lo de forma mais pertinente, mais completa, mais inspiradora.
É uma tarefa difícil, basta navegar um pouco pela internet para encontrar todo o tipo de frases e citações aplicáveis às mais diversas situações: casamento, divórcio, dia dos namorados, de amigos, para amigos, de saudade, de amor, sobre a morte, sobre a resiliência...
Dir-se-ia que vivemos numa época inspirada, ou de gente inspirada, sempre atenta às últimas novidades no que se refere a mensagens de intervenção, procurando incessantemente a frase ou o vídeo mais pujante, mais ilustrativo, mais solidário. No entanto, a realidade diz-nos que a depressão está a aumentar, o crime é cada vez mais frequente, as dependências da droga e do álcool afetam cada vez mais famílias e a solidão alastra em todas as idades. E dei comigo a pensar:
Será possível que já gastámos as palavras? Tanto as usámos e partilhámos que deixaram de fazer efeito nas nossas ações?
Nas redes sociais e na internet podemos dizer e omitir o que quisermos, podemos transmitir a imagem que mais nos convém e alimentar a nossa popularidade dizendo o que é politicamente correto, o que está na moda, o que quer que seja que nos permita aumentar o número de “gostos” e de “fãs”.
Mas, em casa, o nosso melhor amigo é o ecrã…