Sinto-me triste
Há dois anos, três dias antes de mais um aniversário do 25 de Abril e apenas dois meses após a invasão da Ucrânia pela Rússia, publiquei este postal no meu Instagram.
A situação que me levou a publicá-lo não só não melhorou, como se agravou significativamente. As zonas de conflito no mundo estão a aumentar, as imagens das vítimas e da destruição são avassaladoras. Há constantes violações de direitos humanos até nos países mais «desenvolvidos».
E por cá, neste país que amo verdadeiramente, angustio-me com o futuro das gerações mais novas:
- precariedade crescente no emprego;
- habitação cada vez mais inacessível;
- hospitais, escolas e ínúmeros outros edifícios do estado degradando-se a cada ano;
- serviços públicos, tanto administrativos como de transportes, sem conseguirem dar resposta às necessidades;
- atrasos graves no pagamento de prestações sociais;
- desinvestimento contínuo nas infrastrutuas públicas (vias rodoviárias, instituições de ensino superior, forças de segurança...);
- gestão e controlo ineficaz de lixos e resíduos urbanos (dejetos de animais, beatas, folhas de árvores, mato);
- autarquias coniventes com atividades ruidosas e lesivas para a comunidade;
- canais públicos de denúncia que não dão qualquer resposta ao cidadão queixoso;
- imigração descontrolada e sem dignidade;
- sistema de justiça tão lento que se torna inútil;
- corrupção...
Não, não vejo só as coisas más do nosso belo Portugal. É um dos poucos países no mundo onde podemos reclamar e manifestar a nossa opinião, como estou a fazer agora, sem temer quaisquer represálias.
Temos liberdade de expressão, segurança, serviços públicos e oportunidades suficientes, ou mesmo melhores do que na maior parte dos países do mundo. Mas estamos a retroceder em qualidade.
Continua a ser um bom país para se viver, mas, até quando?
Amanhã completam-se 50 anos de democracia em Portugal. Como queremos que sejam os próximos 50 anos?
Onde queremos que estejam os portugueses? Já há muitas zonas do país em que a população é maioritariamente constituída por imigrantes. Os nossos jovens tornam-se imigrantes pelos quatro cantos do mundo e o nosso país enche-se de imigrantes.
Se esta tendência persistir, em breve estaremos a viver num Portugal muito diferente.