Como será viver despreocupadamente? Sem ocupar a mente antes do tempo Sem que o pensamento se antecipe Invente, imagine ou preveja O que nunca ninguém viu E provavelmente não virá a ver E ainda assim se concretiza Em imagens, cores e emoções  Cristalizadas em preocupações 

Nas linhas alinhadas do meu caderno plasmo o meu desalinho.   No branco imaculado do meu caderno deixo a mácula infame escrita pelo meu punho.   Soubera eu, ao invés, desenhar flores e não letras, sem linhas era o meu caderno e eu sem desalinho. (...)

Não chego nunca a sossegar-te. Mesmo que rédea solta não te dê Acabas sempre por te intrometer, Sorrateiramente, dizendo-me coisas inesperadas, Ostensivamente, ensurdecendo-me com a tua voz, Levando-me para longe contra o meu querer.   Tud (...)

Sei que sou louca Desde que  me lembro de ser Que sei que sou louca E já não quero saber   Vivo loucamente esta minha loucura Desde que deixei de a temer E a deixei guiar-me Subjugando-me aos seus humores   Sei que sou louca Que fora de (...)

Dias de desatino, estes Em que não acerto no que faço Em desvarios constantes, Sem tino, feita laço.   A garganta num nó Sem palavras que me valham, Seja quando estou só Ou os juízos me falham.   Em dias de desacerto suspensa Presa (...)

Gostava de não me sentir assim Comecei até a arrumar o guarda-fatos Retirando tudo o que de velho havia Para deitar fora, Dar, doar, livrar-me do passado Personificado nos objetos Que amontoei na minha cama Acreditando que com eles Iriam (...)