Vacuidade
Tão vazia me sinto
Nesta vida de ausentes.
Vazia como a casa
Sem eles presentes.
Vazia como a cama
De ti despejada.
Na vacuidade flutuo
Sem controlo nem direção,
Empurrada pelo vento
Ou pelos lamentos,
Ao sabor da chuva
E de quaisquer elementos.
Restam-me as palavras
A ocupar o vácuo ao entardecer,
Os espaços em branco
Do presente e do amanhecer.
Palavras feitas âncoras afundando-se
Sem com elas me levarem.
Fateixas de mil braços espraiando-se
Em porto seguro no fundo do mar.
Palavras feitas tijolos, meus versos
Contruindo, resgatando-me
Deste nada que é meu lar,
Erguendo-me noutros universos.
Setembro de 2020